COOPERATIVAS GANHAM MERCADO
O número de empreendimentos via cooperativas habitacionais cresce dia a dia, criando oportunidades e demandando cuidados por parte de quem compra e de quem faz Se você nunca pensou em construir pelo sistema de cooperativas, preste atenção a estes dados: - 45% dos lançamentos de imóveis residenciais na Capital e Grande São Paulo nos últimos anos foram feitos por cooperativas auto-financiáveis, segundo levantamento da Embraesp; - o custo do imóvel construído por esse sistema é, em média, 30% mais baixo do que o praticado no mercado; - a inadimplência nas prestações pagas pelos cooperados, hoje, não ultrapassa 5%. Trata-se, portanto, de uma tendência que não pode ser desprezada, principalmente num momento em que o mercado carece de financiamentos e as construtoras estão sem fôlego para investir recursos próprios em novos empreendimentos. Na busca de uma alternativa viável para suprir a demanda por imóveis em São Paulo, mais de 200 cooperativas foram abertas nos últimos anos, organizadas por grupos de pessoas que desejam adquirir a casa própria ou por construtoras interessadas em dar andamento a seus projetos. Na teoria, essas entidades são extremamente simples de ser constituídas: basta que um número mínimo de 20 pessoas se reúna com o propósito de viabilizar a construção de um conjunto habitacional e, pronto! A cooperativa está formada. Na prática, no entanto, existem inúmeros detalhes que precisam ser levados em consideração para um modelo administrado por autogestão - como é o caso do cooperativismo - ser bem sucedido. Por exemplo: a confecção e aprovação do projeto ou a contratação da construtora exigem certos cuidados que demandam uma boa assessoria jurídica e técnica. É necessário, antes de tudo, garantir que a planta siga as exigências quanto ao uso e ocupação do solo determinadas pelas prefeituras. Ter certeza de que a empresa responsável pela obra é idônea e goza de um bom conceito no mercado também é uma precaução que não deve ser esquecida. Outro ponto importante é ter um controle contábil eficiente, feito por pessoal especializado. Isso evita discrepâncias nos gastos com material e falhas na cobrança e administração do dinheiro pago pelos cooperados. "É absolutamente inviável, hoje, pensar a criação de uma cooperativa habitacional sem um assessoramento especializado, nas diversas áreas envolvidas", enfatiza José Rocha Giongo Júnior, sócio-diretor da Giongo & Sandri Negócios Imobiliários e eleito recentemente presidente da Câmara Estadual de Habitação Social, criada pelo Sindicato das Cooperativas do Estado de São Paulo. Segundo ele, o aumento no número de empreendimentos residenciais construídos pelo sistema de cooperativas gerou uma preocupação, por parte da diretoria do sindicato, em mapear esse mercado e orientar os interessados sobre a melhor forma de investir no sistema. A câmara já iniciou o cadastramento dos programas habitacionais cooperativos, autofinanciados ou não, e, ao final desse trabalho, vai analisar tecnicamente entidade por entidade. As cooperativas filiadas ao sindicato receberão um "atestado de qualidade", depois de ter seu trabalho estudado. "Dessa forma, daremos ao cooperado informações seguras e a garantia de idoneidade de nossos filiados", diz Giongo Júnior. Já o Secovi-SP, também preocupado em esclarecer construtoras e cooperados, está concluindo uma cartilha com dicas e cuidados que se deve ter ao aderir a uma cooperativa. A iniciativa foi, inclusive, comunicada ao diretor de Operações da Secretaria de Habitação do Ministério do Planejamento, Edson Ortega, que aprovou e elogiou a idéia. "O sistema é baseado na confiança, portanto •••
("in" Rev. Indústria Imobiliária nº 59, set/96)