Portabilidade de dívida imobiliária pode reduzir em até 15% o valor total do financiamento
A queda brusca na taxa Selic, que despencou progressivamente de 14,25% em 2015 para 6,50% no mês passado, puxou para baixo os juros cobrados pelas instituições financeiras no crédito imobiliário, viabilizando a portabilidade bancária. Ao aderir ao processo, o consumidor consegue economizar cerca de 15% do valor do contrato a cada 0,5 ponto percentual reduzido do Custo Efetivo Total (CEF), que inclui taxa de juros, taxa de administração, manutenção de conta corrente, contratação de seguros entre outras exigências da instituição.
Isso significa que em um financiamento de R$ 191 mil, com previsão de pagamento de R$ 514 mil ao final de 360 meses, com taxa passando de 10,3% para 9,8%, o cliente pode economizar R$ 73 mil, conforme levantamento da Akamines Negócios Imobiliários. O montante equivale a cerca de 15% do valor total. Como reflexo, a parcela cai de R$ 2.184 para R$ 1.852.
Na simulação em questão, houve redução de 0,5 ponto percentual na taxa. De acordo com Daniele Akamine, advogada especialista em economia da construção e responsável pelo estudo, no entanto, é possível diminuir ainda mais o índice. “Quando a portabilidade surgiu, em 2014, a Selic era muito alta. Agora, com a redução da taxa, os juros caíram, permitindo que o consumidor faça bons negócios”, afirma. Ela destaca que os índices e valores variam de cliente para cliente, dependendo do relacionamento com o banco.
O processo de portabilidade bancário é simples. Basta levar os dados do contrato às instituições financeiras concorrentes e pedir uma revisão. Como a Caixa possui as taxas mais competitivas do mercado, a expectativa é a de que o banco receba novos clientes.
Antes, porém, o diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Oliveira, sugere que uma negociação tente ser feita no próprio banco.
“Portabilidade nada mais é do que levar de um banco para outro. Como é um contrato de longo prazo, o banco não vai querer perder o cliente e é bem possível que haja uma renegociação alia mesmo”, diz Oliveira.
Ele enfatiza, ainda, que uma série de condições é imposta a quem faz o financiamento imobiliário, como contratação de cartão de crédito. “É interessante que ele fidelize o cliente”, afirma.
Se a conversa não for bem-sucedida, a solução é gastar sola de sapato. O presidente da Associação dos Moradores e Mutuários de Minas Gerais, Sílvio Saldanha, destaca que é necessário verificar o Custo Efetivo Total antes de fechar negócio e não só o juro. “Às vezes, o juro do banco é menor, mas a taxa de administração é mais alta. Ou o contrário: o juro é maior, mas a instituição não cobra a taxa de administração”, afirma.
Ele destaca que a análise de crédito para quem se propõe a levar a dívida para outro é banco é tão rigorosa quanto a que foi realizada quando o crédito foi contratado. É necessário, ainda, reavaliação do imóvel e registro da operação em cartório. O motivo é a necessidade de reduzir o risco de pagamento. “Banco é risco. A análise de crédito evita, por exemplo, que haja inadimplência”, diz Saldanha.
A Caixa informa, no entanto, que contratos realizados na modalidade pró-cotista só podem migrar para bancos que ofereçam financiamentos utilizando recursos do FGTS.
“Caso o nosso cliente busque a portabilidade de seu contrato para outro banco a Caixa receberá a solicitação através da CIP/CTC - Câmara Interbancária de Pagamentos, e a partir daí avaliará o cliente de acordo com o seu nível de relacionamento, o que pode possibilitar a apresentação de contraproposta de retenção”, diz nota do banco.
Fonte: Hoje em Dia